NEW AGE FUNERAL (2020)





Eis que chega um segundo momento, uma nova fase lunar, em que morre algo para que o novo seja parido. Soa como talvez uma reencarnação, mas aqui eu falo sobre uma nova vida, como uma transmutação, transferência. É orgânico, não há o que negar, existe vida e morte a todo momento ao nosso redor e fechamos os olhos a maioria das vezes para ambos. Ambos milagres e contornos naturais necessários ao movimento. Por isso, talvez o círculo, é uma volta, uma curva. E tudo volta, o conhecimento é curvo. Foi preciso abandonar a estrada e cair numa ribanceira abaixo para entender que estar vivo é saber que se está morrendo lentamente e que, em um certo ponto,viver é se aproximar mais do momento da morte do que do nascimento. Entender melhor isso é saber cada vez mais sobre o nosso círculo e saber que ele tem tantas ranhuras e loucuras quanto forem necessárias para fechá-lo. 

É nesta curva que nasce a segunda aventura; saí da estrada e fui dar uma volta no lado selvagem, escutar os sons naturais que beijam a noite saúdam o dia, e sabem que estão vivos por um acaso tão absurdo que não cabe em nosso corpo a resposta. 

É a morte de uma nova era para o nascer de outra. É sobre o luto que reflito sobre tudo, olhando para trás, mas sem retornar. Se antes era sobre esquecimento e noite, agora é sobre lembrança e aurora. Daquele corpo, nascerão flores e daquele caixão nascerão animais. O mundo subterrâneo nos convida a uma descida em 'Oblivion', para os sentimentos profundos da nostalgia e da adolescência e, agora, ele nos deixa abrir nossas tumbas e sentir que há mais vida do que inércia debaixo da pele, debaixo do solo.

O funeral parece triste, segue com prantos e dores.

Mas o funeral nos diz para além da tristeza: é algo sobre lembrar. E aqui, na morte de um eu anterior, nasce uma nova coisa, ainda em descoberta, mas consideravelmente sonora. Alguém prepara um copo com água e coloca sobre um caixão. Uma pequena e delicada flor ainda em botão é colocada no copo de vidro cristalino. Sobrenaturais, encantados, os pequenos botões abrem em flores viventes, abertas à luz.

Você nasce. Você morre. E então nasce novamente.


{NEW AGE FUNERAL}

1. Baroque Birth
Lennon e Bowie na Terra do Nunca, um vislumbre do que está por vir. Nesta introdução, um passeio instrumental pelas músicas seguintes. 

2. Bridges
A nostalgia é permitida. Lembramo-nos do passado, de quem passou por nós, por onde passamos e o que construímos. Tudo são pontes entre os tempos. 

3. Shelley
Aqui, subimos uma colina sinistra e encontramos uma multidão de tochas acesas. Amo o risco de estar vivo, mas até que ponto?

4. Blame The Fate
O mundo está realmente numa crise absurda, confusa. Nesta confusão dormente, há quem queira apenas culpar e um responsável deverá ser queimado para satisfação popular, mas quem?

5. Neverland
Entre risadas delirantes, entramos na Terra do Nunca mas, assim como na Caverna do Dragão ou Nárnia, há sempre o questionamento mais perigoso: estamos vivos ou mortos? Viver para sempre jovem pode ser assustador.

6. My Heart Is An Island
Descemos a uma ilha que poucos conhecem. Mas um som meio hula meio Tom Tom Club nos convida a deixar alguém desbravá-la.

7. Loveless People
Uma marcha fúnebre sinistra sobre aqueles que poderíamos ter amado mais ou nunca ter conhecido.

8. The Hollow
Sobre a morte, o mito da caverna pode nos dar uma chance. Não estamos sozinhos e estamos no escuro.

9. I'm Gonna Die
Há o medo de morrer, mas o que dizer por último? Talvez uma declaração.

10. Electrocute
Assim como o corpo, morre também os sentimentos e os relacionamentos.

11. Coquilles
Morrer no mar, em meio aos peixes e corais, numa batida Talking Heads.

12. Last Dance
A última dança, o último beijo, a última palavra, o último gesto. Uma despedida que nos permite lembrar tudo junto.

13. Shall We
E depois da morte? O que acontece? Tudo preto e ponto? Existe outro lado? Num balanço salvador que nos leva à um desfecho para o que vimos em 'Oblivion', com 'Black Orpheus'. 



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