HOMO ESQUIZITUS

Os meus amigos querem suas tranças cortadas
E seus sapatos desamarrados
Todos em pares, todos em pares
Eles querem ver TV até tarde e talvez não dormir
Eles não querem dormir nunca

As suas roupas estão sempre rasgadas
E seus olhos furados, sempre furados
Eles têm um buraco na cabeça
E é como um poço de ideias antigas, sempre caindo
Há pequenos pedaços de pele e alguns fios de cabelo

Sempre por aí com alguns amigos esquisitos
Que gostam de tocar acordeon e olhar vidrados para a lua
Tem sempre uma mãe preocupada e que quebra a metade das xícaras
O jardineiro e suas têmporas de grama estão capinadas
Mas há sempre um dente a mais

Eles estão por aí pregando peças e derrubando bustos
Gritando sobre anarquia e erguendo bandeiras capitalistas
Comendo vegetais comprados no fast-food da esquina
Sendo outras pessoas com um dente a mais
Sempre com um dente a mais

Sempre com corações radioativos
Sempre com versos estranhos
Sempre com pedaços de pele
Sempre com um pensamento
Sempre com um dente a mais
Sempre com um dente a mais

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